quinta-feira, 21 de abril de 2011

O que é Páscoa?

O significado da Páscoa...
A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu, até sua ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. É o dia santo mais importante da religião cristã, quando as pessoas vão às igrejas e participam de cerimônias religiosas.
Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.
No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pessach. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.
Nossos amigos de Kidlink nos contaram como se escreve "Feliz Páscoa" em diferentes idiomas. Assim:
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A festa tradicional associa a imagem do coelho, um símbolo de fertilidade, e ovos pintados com cores brilhantes, representando a luz solar, dados como presentes. A origem do símbolo do coelho vem do fato de que os coelhos são notáveis por sua capacidade de reprodução. Como a Páscoa é ressurreição, é renascimento, nada melhor do que coelhos, para simbolizar a fertilidade!
 
aeggs.gif (448 bytes) Vamos ver agora como surgiu o chocolate...

Quem sabe o que é "Theobroma"? Pois este é o nome dado pelos gregos ao "alimento dos deuses", o chocolate. "Theobroma cacao" é o nome científico dessa gostosura chamada chocolate. Quem o batizou assim foi o botânico sueco Linneu, em 1753.
Mas foi com os Maias e os Astecas que essa história toda começou.
O chocolate era considerado sagrado por essas duas civilizações, tal qual o ouro.
Na Europa chegou por volta do século XVI, tornando rapidamente popular aquela mistura de sementes de cacau torradas e trituradas, depois juntada com água, mel e farinha. Vale lembrar que o chocolate foi consumido, em grande parte de sua história, apenas como uma bebida.
Em meados do século XVI, acreditava-se que, além de possuir poderes afrodisíacos, o chocolate dava poder e vigor aos que o bebiam. Por isso, era reservado apenas aos governantes e soldados.
Aliás, além de afrodisíaco, o chocolate já foi considerado um pecado, remédio, ora sagrado, ora alimento profano. Os astecas chegaram a usá-lo como moeda, tal o valor que o alimento possuía.
Chega o século XX, e os bombons e os ovos de Páscoa são criados, como mais uma forma de estabelecer de vez o consumo do chocolate no mundo inteiro. É tradicionalmente um presente recheado de significados. E não é só gostoso, como altamente nutritivo, um rico complemento e repositor de energia. Não é aconselhável, porém, consumí-lo isoladamente. Mas é um rico complemento e repositor de energia.
 
veggs.gif (2041 bytes) E o coelho?
A tradição do coelho da Páscoa foi trazida à América por imigrantes alemães em meados de 1700. O coelhinho visitava as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa.
Uma outra lenda conta que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho, um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho é que trouxe os ovos. A mais pura verdade, alguém duvida?
No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade o consideravam o símbolo da Lua. É possível que ele se tenha tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa.
Mas o certo mesmo é que a origem da imagem do coelho na Páscoa está na fertililidade que os coelhos possuem. Geram grandes ninhadas!
 
ceggs.gif (456 bytes) Mas por que a Páscoa nunca cai no mesmo dia todo ano?

O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Conselho de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária - conhecida como a "lua eclesiástica").
A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas.
Com esta definição, a data da Páscoa pode ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a seqüência de datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa "móvel".
De fato, a seqüência exata de datas da Páscoa repete-se aproximadamente em 5.700.000 anos no nosso calendário Gregoriano.    



U!MA FELIZ PÁSCOA A TODOS OS ALUNOS DO META E A TODOS OS INTEGRANTES DA EQUIPE !







terça-feira, 5 de abril de 2011

O caos na saúde pública


A saúde pública chegou ao caos e a charge acima ilustra bem isso. No blog "Minhas idéias" pertencente a um médico ele diz em poucas palavras o porquê disso expondo os motivos principais:


"Sou médico há 26 anos e desde que me formei a saúde pública vive esse caos interminável.
São vários os motivos:

1- Falta de uma política de medicina preventiva.É de mais baixo custo mas os resultados demoram muitas vezes mais de 5 a 10 anos para surgirem, portanto não dá votos.O que chama a atenção é a compra de ambulâncias,equipamentos e atuação só na medicina curativa.O custo dessa política populista é altíssimo.

2- Cultura Nacional:O brasileiro gosta de entrar para o serviço público, entre eles os médicos,para garantirem uma aposentadoria e uma estabilidade no emprego.A tática é conseguir o emprego, armar um esquema de horário e conseguir ganhar dinheiro na medicina privada.Como normalmente os salários dos médicos e outros profissionais de saúde são muito baixos na rede pública, se usa isso como argumento para tais esquemas.Eu pergunto:-Não sabiam dos salários antes de entrarem? Lógico que todos sabem, portanto, está comprovado o que disse acima sobre a cultura nacional.

3- A desumanização da relação médico-paciente.Hoje os médicos se relacionam muito melhor com um equipamento do que com os pacientes.São altamente dependentes de tecnologia esquecendo a máxima que diz: NÃO EXISTE DOENÇA E SIM DOENTE.

4- Grade curricular nas Universidades.Não há no currículo matéria que versa sobre administração hospitalar e gestão.Os médicos se formam sem noção dos custos da medicina e a importância de gerenciá-los para que toda a população tenha acesso às inovações tecnológicas de maneira mais igualitária.
Hoje o médico é um pedidor de exames sem pensar nos custos/benefícios.A tecnologia na área médica é muito cara e ninguém resiste a uma enxurrada de exames por muito tempo.Tanto na medicina privada como pública isto é fato notório e leva a uma dificuldade de realizar exames a quem realmente precisa.Há sempre um déficit orçamentário o que leva a uma restrição na autorização dos exames causando enorme ansiedade nos pacientes.
Sugiro que se faça uma pesquisa para analisar a porcentagem de exame,principalmente radiológicos de alto custo que apresentam laudos normais.Haveria indicações para serem solicitados?


5- Com a deterioração da relação médico/paciente e um melhor nível de informação do consumidor,a quantidade de ações jurídicas contra médicos aumentou sensívelmente.O que aconteceu, então?Os médicos preventivamente pedem tudo que é exame para se cercar de todos os lados contra essas ações, levando a um ciclo vicioso de aumento de gastos.

6- Mais cultura nacional: o brasileiro não tem compromisso em preservar e cuidar do seu local de trabalho principalmente no setor público, pois acham, que nada daquilo lhes pertence.Não entendem que o dinheiro usado para se construir e equipar um hospital se originam de impostos e taxas pagas por nós próprios.
Já presenciei vários atos de vandalismos por partes de funcionários de hospitais mas também por parte dos usuários.

7- A famosa corrupção, que como disse em outra postatgem, é epidêmica.Vai desde furtos de medicamentos e material de consumo até negociatas em obras e compra de equipamentos.

Essas são algumas das causas desse vergonhoso caos que é a saúde no Brasil.

A saúde assim como a violência apresentam múltiplas causas, por isso, não se resolve apenas com uma medida.É necessário um conjunto de ações apoiadas por uma política séria e honesta nessas áreas ,tão sensível a opinião pública."(  http://jamesstr.blogspot.com/2009/03/caos-na-saude-motivos.html )

Já em entrevista à AND, o Dr. Thelman Madeira de Souza*, nos fala sobre o SUS, os Conselhos de Saúde, a desnutrição, o caos na Saúde no Brasil, suas causas e consequencias, e as políticas públicas. Ele traça um enunciado sobre a falência dos chamados serviços públicos do setor, considerando que esse caos tem uma origem, uma etiologia, como se costuma dizer em medicina.

Há uma corrente de pensamento (dominante, à qual se juntaram várias tendências, inclusive a “esquerda sanitária”) advogando que, no Brasil, o caos na Saúde se deve a uma questão de gerenciamento. Ou seja, a bancarrota da Saúde existe porque as unidades prestadoras de serviço, dentro do Sistema Único de Saúde, seriam mal administradas.

AND - A tal teoria da “má administração” tem respaldo científico?
Thelman Madeira - Isso é uma falácia, porque esse é um discurso que vem no bojo da questão neoliberal. Ao adotar essa postura de enfraquecimento do Estado, e propor que o Estado se exonere de seus deveres — e entre os seus deveres está criar e implementar políticas públicas importantes, dentre as quais a política de saúde — essas pessoas incentivam o estabelecimento de novas modalidades de gestão. Criam organizações sociais e agências reguladoras que são formas de flexibilização da administração estatal. Exemplo disso é a Agência Nacional de Saúde Suplementar que existiria para normatizar a atividade de todos os planos de saúde.
O caos na saúde se deve, então, ao pouco investimento que se faz nessa política pública tão importante. O Brasil gasta menos do que a Bolívia em saúde. A Bolívia aplica, hoje, 200 dólares per capita/ano e, o Brasil, em torno de 170 dólares; inconcebível para um país com as dimensões continentais como o nosso e com uma população de 180 milhões de habitantes. O nosso orçamento em Saúde é magro.
A administração deficiente é uma coisa fácil de corrigir, porque se, por exemplo, José não está dirigindo bem o hospital da Lagoa, basta substituí-lo por João. O discurso neoliberal dá uma ênfase à gerência a fim de esconder o fundamental: o baixo investimento. Eles ressaltam a questão da forma e deixam de lado a questão do conteúdo.


AND - O que são essas agências reguladoras?
TM - São autarquias criadas pelo governo, autarquias com características especiais que têm o objetivo de “regular”. Na realidade, uma atividade legislativa. E o que significa regular dentro dessa área? Significa disciplinar a atividade desses prestadores de serviço. A Unimed, por exemplo, e outras operadoras de serviços privados de assistência à saúde, têm para regulá-las essas agências que são instrumentos burocráticos administrativos do Estado neoliberal, um Estado que rompe com o tradicional compromisso social. E, na medida em que o Estado se exime de seu papel de gerir bem as políticas públicas, ele o delega para essas agências que não têm compromisso nenhum com a saúde do povo, até pela sua própria composição. Ou seja, essas novas formas de flexibilização do Estado não regulam nada.
Os planos de saúde estão sendo reajustados quase que mensalmente; as pessoas pagam a mensalidade e, na hora que necessitam do plano, não são atendidas na plenitude do estabelecido no contrato, e as agências reguladoras são impotentes, pois funcionam como um mecanismo de esvaziamento do Estado.

AND - E qual sua opinião a esse respeito?
TM - Eu sou visceralmente contra isso. Acho que o governo Lula não poderia continuar com esse tipo de organização para disciplinar uma atividade tão importante quanto a atividade na área de saúde. A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90, que cria o SUS) prevê a criação de um Sistema Nacional de Auditoria, materializado através de um Departamento Nacional de Auditoria do SUS, o Denasus. Este tem a função de avaliar a qualidade dos serviços médicos prestados e controlar os gastos na saúde, ou seja, o repasse de recursos financeiros do governo para os estados e municípios. Significa que o Ministério da Saúde tem, há muito na sua estrutura, um órgão cuja função precípua é fiscalizar.


AND - De que maneira funciona o SUS?
TM - O SUS, que se diz público e se quer público, no meu modesto entendimento não é um sistema público de saúde. A falsa esquerda sanitária acha que o SUS é um ente público, mas está embutida aí uma falsidade. O SUS não é um sistema público porque é um sistema híbrido. Quando a Constituição de 88 (vale lembrar que o lobby do setor privado não permitiu que o SUS se tornasse inteiramente estatal) assegura a participação do setor privado na assistência à saúde, a chamada complementariedade, esse sistema perde a característica de público. Hoje, inclusive, está em moda o conceito de publicização.
Na visão do Bresser, bem como na visão dos burocratas do governo que estão aí desde o tempo de Cardoso, publicização significa transformar um ente estatal em um ente público não-estatal. Ora, nós sabemos que a condição sine qua non para que uma coisa seja pública não é apenas atender ao interesse público. Nem tudo que atende ao interesse público é publico. Do ponto de vista conceitual, uma coisa só é pública quando tem o Estado como garante. Se não for assim, mesmo que ela atenda ao público ela não será pública, e isso é uma coisa mais ou menos óbvia. Por exemplo: o botequim do português da esquina atende ao público, mas nem por isso é público, pois não tem o Estado como garante. Dessa forma eles manobram e distorcem o conceito e, com isso, reforçam a idéia de que um sistema híbrido — no caso, o SUS —, admita a participação do setor privado no sistema.

AND - E para onde vai o dinheiro destinado ao SUS?
TM - Na prática, uma parte dos recursos segue para o setor público, para os hospitais públicos do governo, quer sejam federais, estaduais ou municipais, mas a grande parte dos recursos vai para o setor privado contratado ou conveniado ao SUS, em alguns casos, verdadeiras “trambiclínicas”.
O SUS não é essa grande coisa que todo mundo diz ser, pois lança mão de recursos públicos para manter o setor privado que, na maioria das vezes, é corrupto, frauda os recursos, etc.
A saúde pública tinha que ser de boa qualidade para quem quer que seja. Até porque a Constituição diz que saúde é dever do Estado e direito de todos.

AND - Quais são as fontes de financiamento desse sistema?
TM - As fontes de financiamento são o nó górdio do sistema, por serem pouco definidas. As fontes são diversificadas e se constituem num dos complicadores do sistema. É preciso definir uma única fonte. Múltiplas fontes de financiamento complicam a questão financeira e dificultam o repasse. As múltiplas maneiras de repasse também dificultam o acesso do recurso pelas administrações estaduais e municipais e facilitam que os espertalhões abocanhem recursos ao longo desse trajeto.

AND - E os chamados Conselhos de Saúde, funcionam de que maneira?
TM - Têm assento nos conselhos de saúde os representantes patronais, os representantes dos governos e representantes das associações, sindicatos, etc. E agora você me diz: qual a força que a sociedade “organizada” tem dentro de um contexto dessa natureza? Isso se trata de uma falsa representação. Eles falam em controle social e usam esse conceito de uma maneira distorcida. Controle social é um controle exercido pelo Estado sobre a sociedade. Eles dizem que a sociedade tem o papel de fiscalizar o governo, através de queixas que o povo faz. Uma sociedade desorganizada, fraca, massacrada e humilhada como a nossa não tem condições de fiscalizar ou controlar qualquer coisa.
Nesses conselhos, a maioria das pessoas não sabe nem expressar o seu ponto de vista. O que o governo deveria fazer era reforçar, dentro da estrutura do próprio ministério, a fiscalização, e isso não é feito; o governo não tem interesse, face à necessidade de manter a sua base de sustentação política, de cuja composição participam representantes do empresariado do setor saúde.

AND - Até onde vai a autonomia dessas agências?
TM - As agências, além de terem uma atuação meramente paliativa, gozam de muita autonomia. Essas autarquias especiais gozam de ampla autonomia de contratar, pagar salários bem acima do valor que cabe ao funcionário público, manipular recursos ao seu bel-prazer, etc. Assim, elas se transformam em verdadeiros cabides de emprego, e vão dar assento a pessoas incapazes de fazer o serviço requerido. Elas estão lá para defender os interesses das prestadoras as quais deveriam regular ou fiscalizar. As agências existem, na verdade, não para regular, mas para facilitar certas coisas.
A fiscalização dos recursos destinados à Saúde e a fiscalização da qualidade da assistência médica prestada à população deveria ser da alçada do Denasus, componente da estrutura do Ministério da Saúde, e não ser feita através de agências reguladoras que são instrumentos característicos do Estado neoliberal.
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AND - Agora, como fica a tal “relação médico-paciente”?
TM - A relação médico-paciente se deteriorou muito. O médico se submete a péssimas condições de trabalho no setor público e piores ainda no setor privado subsidiado pelo SUS, cuja lógica é a do lucro máximo. É lamentável que o setor público hoje desça ao nível do setor privado. Quando isso ocorre, o caos na saúde é tão grande, que o setor público fica muito parecido com o setor privado de baixo nível. O setor privado conveniado ao SUS é mal remunerado, aceita ser mal remunerado e aceita isso porque na maioria das vezes frauda. Assim, a má remuneração é compensada, muitas vezes, com a fraude.
A rede pública não necessita de acomodações iguais, por exemplo, às da Clínica São Vicente. Mas uma enfermaria de hospital público deve ter um mínimo de higiene e conforto, com bons profissionais, bom atendimento, com medicina de bom padrão, que é o que interessa. Quem é rico vai para a São Vicente e tudo bem. E o pobre? Não vai ter um quarto bonito com cortina, ar condicionado, mas vai ter um quarto limpo, com lençol trocado todo dia, alimentação adequada e assistência médica de qualidade. É isso que a gente quer, não precisa mais do que isso, não. E, nessas condições atuais, a relação médico-paciente, que é uma coisa de vital importância no exercício da atividade médica, está completamente deteriorada. O profissional está ali estressado, pois é mal remunerado e vive numa vida de corre-corre. Como não há investimento, as condições de trabalho que ele necessita também não existem, e ele é obrigado a utilizar, muitas vezes, seu equipamento particular para atender ao paciente, já que a rede pública está toda sucateada: aparelhos quebrados e sem manutenção.
O que se quer hoje para o profissional de saúde é o mínimo de dignidade profissional. E em que consistiria isso? Um salário digno e condições de trabalho dignas. Só se faz medicina de bom padrão com isso: boas condições de trabalho, um bom ambiente para o paciente e equipamentos adequados. Se não for assim a relação se deteriora. E isso é uma coisa da qual a população se queixa muito.

AND - Nas políticas públicas é a Saúde que mais rapidamente caminha para a chamada privatização?
TM - Nós podemos afirmar com absoluta certeza que a saúde caminha para privatização em nosso país, como tudo mais. No entanto, a Saúde é, talvez, a política pública que mais celeremente caminha para privatização. E na medida em que o governo não investe nessa rede pública, que já vem sucateada de muitos anos, e não tem a sensibilidade de motivar o interesse do profissional, a situação tende a piorar. A rede chega a tal estado de penúria que muitos acabam proferindo discursos que enaltecem o setor privado. Assim: “se fosse no setor privado não aconteceria isso, mas como é coisa pública...” Ou seja, o governo, maldosa e intencionalmente, deixa arrebentar toda a estrutura. O SUS, hoje, é um mero guarda-chuva protetor do setor privado. O papel dele é esse, porque na medida em que ele permite a complementariedade e passa grande parte de seus recursos para o setor privado, ele é um guarda-chuva protetor.
De 64 para cá não se construiu nenhum grande hospital público. E como é que substituíram a necessidade de novos leitos para atender a população que crescia? Através desses convênios e contratos com o setor privado. Assim, a partir de 64 começaram a pulular uma série de clínicas incentivadas pelo gerenciamento militar. Hoje, o Luis Inácio já aventa a possibilidade de terceirizar a construção de hospitais públicos. A construção dessas unidades não vai ser mais uma obrigação do Estado brasileiro. Ele vai licitar e setores interessados nisso vão construir hospitais.
Nesse governo que está aí a inércia da Saúde recorda a fala vagarosa do ministro. Eles têm muitas ações, do ponto de vista da entrega da soberania, mas o Ministério da Saúde é parado, inoperante
.
AND - De que forma a miséria interfere na Saúde do brasileiro?
TM - Acentua-se, cada vez mais, a preocupação com determinadas patologias, em detrimento de outras, mais comuns, mais corriqueiras, que estão sendo relegadas a segundo plano. Até porque essas patologias mais comuns têm origem nas péssimas condições de vida da população brasileira, que não tem saneamento básico e se alimenta mal. Com o saneamento básico e a alimentação adequada se eliminariam, pelo menos, 90% dessas patologias, a maioria delas, doenças de carência. Agora, as patologias degenerativas, como o infarto, por exemplo, são menos frequentes. Então, o governo, quando falasse em Saúde, teria que investir em saneamento básico, em uma política habitacional adequada e em uma alimentação com um mínimo de valor calórico-protéico.
O pobre já foi uma figura digna, respeitável, no sentido de não ser tratado como marginal. Hoje, você olha para o pobre e ele tem cara de faminto, parece que veio de um campo de concentração, está desnutrido. Leonel Brizola costuma dizer: “Antigamente o pobre não era miserável.”

AND - Como deve ser combatida a desnutrição?
TM - Essa questão da desnutrição não pode ser combatida demagogicamente, como hoje se faz, através de um programa. Um governo sério não combate a desnutrição através de programinhas. Isso é um embuste, uma vergonha. A desnutrição se combate com emprego, para garantir salário, habitação e alimentação. Esse programa não tem direção, só atinge a superfície e, assim mesmo, muito mal, causando constrangimentos e problemas, já que eles dão, por exemplo, 50 reais para uma determinada família e as famílias vizinhas não recebem nada, o que revela o aspecto discriminatório do programa.

AND - Como o senhor avalia o ensino da medicina hoje em dia?
TM - O ensino médico no Brasil, lamentavelmente não está a serviço da população. A formação dos médicos hoje é toda voltada para os interesses das multinacionais de medicamentos e dos equipamentos. Isso significa aprender a lidar com equipamentos sofisticados e a prescrever o que as grandes indústrias farmacêuticas definem como melhor opção terapêutica. O “olho clínico” da medicina à beira do leito foi substituído pelo equipamento de última geração. A soberania da clínica deu lugar à soberania do equipamento. Do ponto de vista humano, da relação médico-paciente, da formulação diagnóstica, o velho exame clínico é decisivo.
AND - Porque os médicos brasileiros têm que prescrever medicamentos que nos são impostos pela indústria farmacêutica internacional?
TM - O Brasil não produz equipamentos médicos de alta tecnologia, tampouco dispõe de uma indústria farmacêutica que atenda às nossas necessidades; o país importa tudo, porque não investimos em pesquisa clínica nem de base, o que inclui a química fina que forneceria os sais básicos para a indústria farmacêutica. E existe interesse econômico nisso. As corporações internacionais de medicamentos só têm interesse em produzir fármacos para as doenças de ocorrências mais frequentes nos países desenvolvidos. Na Dinamarca ninguém vai morrer de malária ou de parasitose intestinal. Então lá eles têm interesse em pesquisar os males advindos do excesso de colesterol, porque comem muita gordura. Se você precisa de um remédio para combater a malária ou a esquistossomose, por exemplo, vai ficar bastante difícil consegui-lo porque as multinacionais não têm interesse em produzir fármacos para doenças características de países pobres, periféricos.

*O Dr. Thelman Madeira de Souza é Médico Auditor do Ministério da Saúde e ex-subsecretário estadual de Saúde

domingo, 3 de abril de 2011

Tiras

 
Você já deve ter reparado que praticamente todos os jornais por aí possuem a famosa seção de tiras. Na família das histórias em quadrinhos (ou gibis, mangá e comics) a tira seria a irmão do meio, maior que o cartum (ou charge) e menor que as história de maior números de páginas. As tiras são formato muito prático e servem para qualquer tipo de personagem (tiras seriada de heróis, farwest, espionagem, etc.) mas sem dúvidas a mais popular é a de humor.
As tiras nasceram nos EUA há mais ou menos 100 anos e se chamavam Comic Strip (Tira Cômica). Se tornaram tão famosas que a palavra comics virou a expressão para designar quadrinhos em inglês.
Mas vamos à ação vamos amostrar como criar uma tira em três quadros (mas também pode ser 2,4,5 ou 6 também, mas a mais comum é 3.)





Caricatura

Jô Soares
 
Caricatura é um desenho de um personagem da vida real, tal como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo.

Xuxa

Manelão - Banda

Serginho Groisman

Michael Jackson

Lula e Dilma

Luã santana

Faustão







sábado, 2 de abril de 2011

Falando de charge

Que notas são estas?

            Nesta semana recebi um e-mail em que havia uma charge onde apareciam duas cenas. Numa delas, em 1969, os pais cobravam do filho as notas baixas recebidas em seu boletim, na frente da professora. E na outra, em 2009, os pais e o filho, alterados, cobravam da professora as notas baixas do menino. Na charge podemos fazer inúmeros questionamentos, mas ela retrata muito bem como anda o relacionamento entre alunos, professores e pais atualmente. A relação em sala de aula está no limite, passando do racional para o crítico, e isso já faz um bom tempo. Tanto é verdade que agressões são vistas quase que diariamente na imprensa, para espanto de quem há muito passou desta fase do “jogo”.
            Mas o que está havendo, afinal? Parece que as pessoas perderam o rumo, a razão, a compostura e a vergonha na cara. E a relação professor-aluno que sempre se teve em aula, desde o jardim da infância até a universidade, onde foi parar? Por que as pessoas estão com os nervos à flor da pele? Por que nossos professores, que têm a maravilhosa tarefa de repassar conhecimentos, de uma hora para outra viraram profissionais sem importância e pessoas desrespeitadas? Este país precisa valorizar o professor e a educação.
            No meu tempo de escola – primário e secundário – o tratamento era bem outro. Os alunos respeitavam seus professores pelo seu conhecimento, saber, postura, conduta e cobrança vigorosa e também os temiam pelos castigos que recebiam quando se “passavam” em aula com o mestre ou com os colegas ou ainda com a matéria, a organização do material e o uniforme. Havia castigo, mas tudo aprovado pelos pais que sabiam que aquilo servia para manter o filho no caminho desejado. Naquele tempo eram os pais que educavam os filhos e os professores apenas cuidavam do seu ensinamento. Não era como hoje quando boa parte dos pais manda seus filhos para a escola para ter um pouco de “sossego” em casa e transferir a educação destes, que seria sua, aos professores, como se estes não tivessem seus próprios problemas para resolver no seu dia a dia. Professor também é um ser humano e ninguém percebe isto.
            Hoje, é normal vermos aluno debochando do seu professor e desrespeitando-o em sala de aula, assim como seus colegas. “Até agressão física acontece durante as aulas. Até revólver vai à escola”. E quando um professor chama a atenção do aluno com a postura que o cargo exige este sofre ameaças de agressão e até de denúncia no Conselho Tutelar, isso quando não é agredido e humilhado. É incrível, mas parece que a própria Justiça está contra o professor, contra a educação. Se o aluno chega atrasado à escola e é naturalmente barrado, o pai ameaça diretor e funcionários e ainda ameaça ir ao Ministério Público. Hoje, qualquer ‘casinho’ vira um casão de polícia e de Justiça e para a indenização é um pulinho. A coisa fugiu ao controle. E quando um professor cobra atitude de seus alunos, como boas notas e participação e obriga-se a colocar nota vermelha no seu boletim, vêm os pais e o massacram publicamente. Já testemunhei isso. Existe professor estressado em sala de aula, sim, mas existe também aluno muito mal educado que os pais acham que é um exemplo. Que ensinamento nós estamos passando a esta geração que está se formando aí? E o que ela fará quando estiver à frente do mundo decidindo seus rumos? É um problemão que muito em breve estará aí, para não dizer que é uma bomba-relógio com timer programado para explodir. A juventude atual, que convive com agressões e pressões diárias dentro e fora de casa, por não ter limites, deve achar que isso tudo é normal e que é permitido sair por aí batendo e ofendendo as pessoas. Não é assim. “Onde não há disciplina não há nada”, ensina a ética.
            Na novela Caminho das Índias, da Globo, teve uma cena que é muito triste, mas que acontece muito nos dias atuais. É aquela em que o pai está criando um marginal dentro de casa e não está vendo isso. O rapaz, sem nenhum limite, faz e acontece com todo mundo e o “babaca” do pai acha tudo muito bonito. E ainda dá força e protege o “traste” do filho. Quando vejo aquela cena dá vontade de entrar na televisão para espancar os caras. São pessoas assim, incentivadas pelos familiares ou criadas no meio da violência, que saem de casa achando que tudo podem, esquecendo que lá fora existem regras a ser cumpridas e também conseqüências. O aluno precisa entender que o mundo é cruel, a realidade é dura e que precisa se adaptar às circunstâncias e não o contrário.
            É. O mundo mudou muito nestas últimas décadas e a charge que recebi mostra que estamos iniciando um novo tempo, repleto de incertezas e de preocupação, o pior ainda estar por vir. Sabemos que ele virá, mas não sabemos como terminará. E como ficará o mundo neste período todo? E as pessoas? Alguém arrisca um palpite quando estamos criando em casa pessoas sem noção e sem limite? A cena retratada na charge acima mostra também a falta de compromisso dos pais na vida escolar dos seus filhos (as), talvez a falta de um diálogo maior entre pais e professores. Os pais devem ser os responsáveis também pela educação dos seus filhos. Isto não é só tarefa da escola.



Charge


CHARGE
Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco.Através da charge podemos fazer uma dissertação,pois trabalharemos expondo nossa opinião sobre o conteúdo da mesma.








Narração - História em Quadrinhos

Dissertação


Dissertação é um trabalho baseado em estudo teórico de natureza reflexiva, que consiste na ordenação de idéias sobre um determinado tema. A característica básica da dissertação é o cunho reflexivo-teórico. Dissertar é debater, discutir, questionar, expressar ponto de vista, qualquer que seja. É desenvolver um raciocínio, desenvolver argumentos que fundamentem posições. É polemizar, inclusive, com opiniões e com argumentos contrários aos nossos. É estabelecer relações de causa e consequência, é dar exemplos, é tirar conclusões, é apresentar um texto com organização lógica das idéias. Basicamente um texto em que o autor mostra as suas ideias.

Através de  textos distintos, a dissertação pode ser exemplificada:
  • "A fim de aprender a finalidade e o sentido da vida, é preciso amar a vida por ela mesma, inteiramente; mergulhar, por assim dizer, no redemoinho da vida. Somente então apreender-se-á o sentido da vida, compreender-se-á para que se vive. A vida é algo que, ao contrário de tudo criado pelo homem, não necessita de teoria, quem aprende a prática da vida também assimila sua teoria
O texto expõe um ponto-de-vista (finalidade da vida é viver) sobre um assunto-tema (no caso, o sentido e a finalidade da vida). Além de apresentar um ponto-de-vista do autor, o texto faz também a defesa deste ponto-de-vista: onde ele defende os motivos que fundamentam a opinião de que a prática intensa de viver é que revela o sentido da vida.

Exemplo: O Poder de transformação da Leitura

Ler para compreender

          "Vivemos na era em que para nos inserir no mundo profissional devemos portar de boa formação e informação. Nada melhor para obtê-las do que sendo leitor assíduo, quem pratica a leitura está fazendo o mesmo com a consciência, o raciocínio e a visão crítica.
         A leitura tem a capacidade de influenciar nosso modo de agir, pensar e falar. Com a sua prática freqüente, tudo isso é expresso de forma clara e objetiva. Pessoas que não possuem esse hábito ficam presas a gestos e formas rudimentares de comunicação.
           Isso tudo é comprovado por meio de pesquisar as quais revelam que, na maioria dos casos, pessoas com ativa participação no mundo das palavras possuem um bom acervo léxico e, por isso, entram mais fácil no mercado de trabalho ocupando cargos de diretoria.Porém, conter um bom vocabulário não se torna o único meio de “vencer na vida”. É preciso ler e compreender para poder opinar, criticar e modificar situações.
         Diante de tudo isso, sabe-se que o mundo da leitura pode transformar, enriquecer culturalmente e socialmente o ser humano. Não podemos compreender e sermos compreendidos sem sabermos utilizar a comunicação de forma correta e, portanto, torna-se indispensável a intimidade com a leitura."(redação nota 10 do enem)


Na Dissertação encontramos a tese (introdução do assunto), os argumentos (desenvolvimento,ou seja,a fundamentação de seu ponto de vista) e a proposta de intervenção (a conclusão). Há cinco competências avaliadas na dissertação, sendo:
1) Domínio da Língua Culta
2) Entendimento da proposta
3) Seleção de argumentos e organização textual
4) Coerência e Coesão
5) Proposta de intervenção

Descrição



A descrição consiste na caracterização de pessoas, objetos ou lugares, particularizando o que deseja-se ser ressaltado.Uma descrição completa inclui distinções sutis úteis para distinguir uma coisa de outra. Descrição caracteriza-se por ser um “retrato verbal” de pessoas, objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes. Entretanto, uma descrição não se resume à enumeração pura e simples. O essencial é saber captar o traço distintivo, particular, o que diferencia aquele elemento descrito de todos os demais de sua espécie. Os elementos mais importantes no processo de caracterização são os adjetivos e locuções adjetivas. Desta maneira, é possível construir a caracterização tanto no sentido denotativo quanto no conotativo, como forma de enriquecimento do texto. Enquanto uma narração faz progredir uma história, a descrição consiste justamente em interrompê-la, detendo-se em um personagem, um objeto, um lugar, etc

  • Objetiva - Podemos dizer que este tipo de descrição seria como um fotógrafo. Porque o autor "pega no flagra" os personagens. Devido a esse fato, toda descrição objetiva é caracterizada com: linguagem denotativa, predomínio do substantivo, ausência de figuras de linguagens, poucos adjetivos, linguagem objetiva (ausência do "eu") e com a ordem direta dos termos da oração, ou seja: Sujeito verbo complemento verbal adjunto adverbial.
  • Subjetiva - Nesta seria como se fosse um pintor, pois o autor expõe suas emoções durante a descrição. Por isso na subjetiva vamos ter o uso da linguagem conotativa, predomínio do adjetivo, uso de linguagem figurada (comparações, metáforas, prosopopéias, sinestesias, figuras sonoras), ordem inversa dos termos (hipérbatos) e linguagem subjetiva.
Exemplo de Descrição:

Descrição objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são apresentadas como realmente são, concretamente.
EX: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70Kg. Aparência atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos".
Descrição subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfigurados pela emoção de quem escreve.
EX: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompéia).
Descrição de um objeto
Deve-se levar em conta:
1. A escolha do ângulo de percepção:
a) a perspectiva espacial
b) a relação observador X objeto.
2. Análise do objeto: forma, cor, dimensões, peso, textura, material, utilidade. etc.
3. A seleção de aspectos: a critério do observador.
Exemplo:
"Um cilindro de madeira, de cor preta, medindo aproximadamente 17,5cm. de comprimento po 0,7cm. de diâmetro, envolve um cilindro menor, de grafite, de mesmo comprimento, porém de 0,15cm. de diâmetro
De uma das extremidades, foi retirada madeira, formando-se um cone, cujo ápice é uma fina ponta de grafite".
Descrição de uma paisagem
Deve-se levar em conta:
1. Ângulo de percepção.
2. Análise: rural ou urbana, habitações, personagens, solo, vegetação, clima, localização geográfica.
3. Escolha de aspectos: a critério do observador.
Exemplo:
"Abriu as venezianas e ficou a olhar para fora. Na frente alargava-se a praça, com o edifício vermelho da Prefeitura, ao centro. Do lado dirito ficava o quiosque, quase oculto nas sombras do denso arvoredo; ao redor do chafariz, onde a samaritana deitava um filete d'água no tanque circular, arregimentavam-se geometricamente os canteiros de rosas vermelhas e brancas, de cravos, de azáleas, de girassóis e violetas". ("Um Rio Imita O Reno", - Vianna Moog).
Descrição de uma pessoa
Deve-se levar em conta:
1. Ângulo de percepção.
2. Análise:
a) aspectos físicos: sexo, idade, peso, cor de pele, cabelos, olhos, estatura, etc.
b) aspectos psicológicos: às vezes, a descrição de um aspecto físico do indivíduo poderá revelar um traço psicológico;
c) resultado.
Exemplo:
"O gaúcho do sul, ao encontrá-los nesse instante sobreolhá-la-ia comiserado.
O vaqueiro do norte é a sua antítese. Na postura, no gesto na palavra, na índole e nos hábitos, não há que equipará-los. O primeiro, filho dos plainos sem fins, afeito às correrias fáceis nos pampas e adaptado a uma natureza carinhosa que o encanta, tem, certo, feição mais cavalheirosa e atraente. A luta pela vida não lhe assume o caráter selvagem da dos sertões do norte. Não conhece os horrores da seca e os combates cruentos a terra árida e exsicada.
...........................................................................................
E passa pela vida, aventureiro, jovial, disserto, valente e fanfarrão, despreocupado, tendo o trabalho com um diversão que lhe permite as disparadas, domando distâncias, nas pastagens planas, tendo os ombros, palpitando aos ventos, o pala inseparável como uma flâmulos festivamente desdobrada. ("Os Sertões", Euclides da. Cunha)

 



Como inventar Histórias - 6º ano

Como inventar histórias em quadrinhos. Segue uma "técnica" pra fabricar idéias.

1) Repare: o que faz você prestar atenção a um filme, livro, anúncio de tevê?
É querer saber como alguma situação vai se resolver.
Então, precisa existir alguma situação a resolver na sua história também.

Conclusão: Imagine algum "problema" a ser resolvido.

Exemplos: vizinhos que brigam por quaquer motivo, um cachorro que não gosta de coleira, uma menina que precisa mudar de cidade, um cantor que sonha ser famoso...

2) Coloque graça nas situações
Uma resposta engraçada, um close de algum personagem com exclamação ou interrogação depois de um tombo ou trapalhada. Imite a vida com coisas que acontecem: dois falando ao mesmo tempo, esquecimentos, palavras trocadas, manias bobas das pessoas...
Se você quer fazer alguém rir, repare no que faz VOCÊ dar risada.

Fonte: www.divertudo.com.br

Como fazer uma fábula

Antes de mais nada, o que é uma fábula?
É uma pequena história que transmite alguma mensagem, um tipo de conselho para a vida. Em vez de pessoas, os personagens podem ser bichos, objetos, plantas... mas sempre humanizados, quer dizer, com jeito de gente.

Um exemplo famoso de fábula? "A cigarra e a formiga"
Outro? "A galinha ruiva"
Mais um? "A tartaruga e a lebre"

Leia aqui uma versão bem curtinha, em poesia, de "A cigarra e a formiga".

Tem outras que eu mesma inventei na seção "Deixa que eu conto": "A taturana descabelada", "O barquinho enjoado", "História pra boi não dormir", "O sapinho feio"...

Depois de ler algumas para entrar no clima, invente a sua!

Assim:

1) Pense em alguma mensagem, conselho ou algum ditado popular que você costuma ouvir.

2) Daí imagine uma situação que comprove este ditado ou conselho. Pode ser uma historinha bem simples. Exemplos: Alguém riu de alguém e se deu mal ("Quem ri por último, ri melhor"), ou alguém foi egoísta e ficou sem amigos (precisamos pensar também nos outros).

3) Escolha personagens não humanos para viver esta história que você imaginou. Invente detalhes pra ficar mais legal. Depois que começar, sua fábula vai tomando jeito.

4) No final de tudo, escreva a "Moral da história", transmitindo a mensagem que você imaginou no começo (passo 1). Prontinho!

Fonte: www.divertudo.com.br

Trabalhando textos narrativos

Lenda
Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos.
De caráter fantástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca humana.
Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Podemos entender que lenda é uma degeneração do Mito. Como diz o dito popular "Quem conta um conto aumenta um ponto", as lendas, pelo fato de serem repassadas oralmente de geração a geração, sofrem alterações à medida que vão sendo recontadas.

Mula sem cabeça
Nos pequenos povoados ou cidades, onde existam casas rodeando uma igreja, em noites escuras, pode haver aparições da Mula-Sem-Cabeça. Também se alguém passar correndo diante de uma cruz à meia-noite, ela aparece. Dizem que é uma mulher que namorou um padre e foi amaldiçoada. Toda passagem de quinta para sexta feira ela vai numa encruzilhada e ali se transforma na besta.
Então, ela vai percorrer sete povoados, ao longo daquela noite, e se encontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos. Apesar do nome, Mula-Sem-Cabeça, na verdade, de acordo com quem já a viu, ela aparece como um animal inteiro, forte, lançando fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de ferro. Nas noites que ela sai, ouve-se seu galope, acompanhado de longos relinchos. Às vezes, parece chorar como se fosse uma pessoa. Ao ver a Mula,deve-se deitar de bruços no chão e esconder Unhas e Dentes para não ser atacado. Se alguém, com muita coragem, tirar os freios de sua boca, o encanto será desfeito e a Mula-Sem-Cabeça, voltará a ser gente, ficando livre da maldição que a castiga, para sempre
Nomes comuns: Burrinha do Padre, Burrinha, Mula Preta, Cavalo-sem-cabeça, Padre-sem-cabeça, Malora (México),

Origem Provável: É um mito que já existia no Brasil colônia. Apesar de ser comum em todo Brasil, variando um pouco entre as regiões, é um mito muito forte entre Goiás e Mato Grosso. Mesmo assim não é exclusivo do Brasil, existindo versões muito semelhantes em alguns países Hispânicos.

Conforme a região, a forma de quebrar o encanto da Mula, pode variar. Há casos onde para evitar que sua amante pegue a maldição, o padre deve excomungá-la antes de celebrar a missa. Também, basta um leve ferimento feito com alfinete ou outro objeto, o importante é que saia sangue, para que o encanto se quebre. Assim, a Mula se transforma outra vez em mulher e aparece completamente nua. Em Santa Catarina, para saber se uma mulher é amante do Padre, lança-se ao fogo um ovo enrolado em fita com o nome dela, e se o ovo cozer e a fita não queimar, ela é.

É importante notar que também, algumas vezes, o próprio Padre é que é amaldiçoado. Nesse caso ele vira um Padre-sem-Cabeça, e sai assustando as pessoas, ora a pé, ora montado em um cavalo do outro mundo. Há uma lenda Norte americana, O Cavaleiro sem Cabeça, que lembra muito esta variação.

Algumas vezes a Mula, pode ser um animal negro com a marca de uma cruz branca gravada no pelo. Pode ou não ter cabeça, mas o que se sabe de concreto é que a Mula, é mesmo uma amante de Padre.
 

Vitória Régia
Os pajés tupis-guaranis, contavam que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo descer por trás das serras, ia viver com suas virgens prediletas. Diziam ainda que se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do Céu. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Ela querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse. E assim fazia todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da lua. A pobre moça, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista. A lua, quis recompensar o sacrifício da bela jovem, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente, daquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", que é a planta Vitória Régia. Assim, nasceu uma planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.

Origem: Indígena. Para eles assim nasceu a vitória-régia.

Uma fábula
Fábula é uma narrativa figurada, na qual os animais ganham caracteristicas humanas. Sempre contém um moral por sustentação, constatada no final da história. É um gênero muito versátil, pois permite diversas maneiras de se abordar determinado assunto. É muito interessante para crianças, pois permite que elas sejam ensinadas dentro de preceitos morais sem que percebam.
E outra motivação que o escritor pode ter ao escolher a fábula na aula, no vestibular ou em um concurso que tenha essa modalidade de escrita como opção é que é divertida de se escrever. Pode-se utilizar da ironia, da sátira, da emoção e muito mais. Lembrando-se sempre de escolher personagens inanimados ou animais e uma moral que norteará todo o enredo.
Fábula é uma história narrativa que surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por um escravo chamado Esopo, que viveu no século VI a.C., na Grécia antiga. Esopo inventava histórias em que os animais eram os personagens. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de carácter moral ao homem. Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para o ser humano. Cada bicho simboliza algum aspecto ou qualidade do homem como, por exemplo, o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho etc. É uma narrativa inverossímil, com fundo didático.

O LEÃO APAIXONADO

      Certa vez, um leão se apaixonou por uma   moça do campo, filha de um lenhador. Ficou doidinho  pra casar com ela. O pai da moça não gostou nada, nada da  história. Era um pretendente muito perigoso, aquele!   Chegou pro leão e falou:
                            _Obrigada, sua proposta muito me honra,mas eu não quero casar minha filha tão já!
                            O leão ameaçou devorar o pobre homem que, então, fingiu concordar:
                            _Eu o admiro muito, senhor leão! Calma! Mas só deixo minha filha casar com o senhor se o senhor  arrancar todos os dentes da boca e cortar essas garras enormes!
                                    O leão, muito apaixonado pela mocinha, fez o que o lenhador mandou. Voltou banguela e sem as enormes garras afiadas que possuia.
                            O lenhador, agora sem um pingo de medo daquele bicho manso que estava a sua frente, pegou um  pedaço de pau e tocou o leão bem pra longe de sua casa.


               Moral da história:  Perder a cabeça por amor não dá certo, sempre acaba mal...

As Árvores e o Machado

Um homem foi à floresta e pediu às árvores, para que estas lhe doassem um cabo para o seu machado novo. O conselho das árvores então decide concordar com o seu pedido, e lhe dá uma jovem árvore para este fim.

E logo que o homem coloca o novo cabo no machado, começa furiosamente a usá-lo, e em pouco tempo, já tinha derrubado com seus fortes golpes, as maiores e mais nobres árvores daquela floresta.

Um velho Carvalho, observando a destruição à sua volta, comenta desolado com um Cedro seu vizinho:

O primeiro passo significou a perdição de todas nós. Se tivéssemos considerado os direitos daquela jovem árvore, também teríamos preservado os nossos, e poderíamos ficar de pé ainda por muitos anos.

Autor: Esopo

Moral da História: Quem menospreza seu semelhante, não deve se surpreender se um dia lhe fizerem a mesma coisa.

Um conto:
O conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho). Entre suas principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-1849) e Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade. Ao escritor de contos dá-se o nome de contista.


A ÚLTIMA BONECA – Noite de Natal

A noite havia chegado depressa, naquela pequena vila da Europa; era véspera de Natal; soprava um vento gelado e havia neve no chão. Aquele pobre vendedor de feira tinha passado o dia inteiro vendendo uns poucos, simples brinquedos de madeira e pano.
Graças a Deus, havia vendido quase todos. Na verdade, só tinha sobrado uma  linda boneca, que ele havia pensado em vender por um bom dinheiro.
Mas  a rua já estava deserta, poucas pessoas passavam apressadas, sem prestar atenção aos seus chamados.
É a ultima ! dizia ele já desconsolado – a última boneca ! Ninguém quer levá-la ?
Como ninguém parava,  ele  começou a desmontar  a barraca.
O frio era intenso, dava vontade de correr para  dentro de casa, ficar junto da lareira.....
Só então, ele percebeu a figurinha magra de uma menina – teria uns seis anos, tremia de frio , mas estava quieta, calada, parada, olhando fixamente a boneca.
Vá para casa, menina ! - disse-lhe o vendedor.  Vá para casa, aquecer-se um pouco !
A menina não respondia. No rosto magro, só se viam os olhos fixos, enormes; ela não escutava nada.
O vendedor ainda  perguntou: - Onde está a sua mãe ? 
- Ela morreu, disse a garota num fio de voz. Não tenho mais ninguém !
O vendedor era pobre, muito pobre; mas o brilho dos olhos enormes daquela menina o cativou; e . de repente, levado por uma força estranha, estendeu a boneca para a garota.
Ela a pegou, a abraçou, murmurou um: - obrigada !! - e se foi.

Naquele mesmo instante,  uma estrela de um brilho excepcional se desprendeu; acendeu-se mais intensamente,  atravessou   o veludo escuro do céu – e se perdeu,  enfim, no horizonte distante.
O vendedor acompanhou admirado o seu trajeto..
E soube, do fundo do seu coração, que esse sinal era o agradecimento de uma mãe.







Uma crônica:
Uma crónica  ou crônica  é uma narração, segundo a ordem temporal. É o relato de um fato do cotidiano. O termo é atribuído, por exemplo, aos noticiários dos jornais, comentários literários ou científicos, que preenchem periodicamente as páginas de um jornal.
Crônica é um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem.

LIXO (luis fernando veríssimo)

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.
- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
-Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.- No seu lixo ou no meu?

Aula de Narração

Narração

Por Paulo Sergio Rodrigues
paulo@algosobre.com.br

A narração está vinculada à nossa vida, pois sempre temos algo a contar.
Narrar é relatar fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, vividos por indivíduos, envolvendo ação e movimento.

A narrativa impõe certas normas:
a) o fato: que deve ter seqüência ordenada; a sucessão de tais seqüências recebe o nome de enredo, trama ou ação;
b) a personagem;
c) o ambiente: o lugar onde ocorreu o fato;
d) o momento: o tempo da ação

O relato de um episódio implica interferência dos seguintes elementos:
fato - o quê?
personagem - quem?
ambiente - onde?
momento - quando?

Em qualquer narrativa estarão sempre presentes o fato e a personagem, sem os quais não há narração.
Na composição narrativa, o enredo gira em torno de um fato acontecido. Toda história tem um cenário onde se desenvolve. Desta forma, ao enfocarmos a trama, o enredo, teremos, obrigatoriamente, de fazer descrições para caracterizar tal cenário. Assim, acrescentamos: narração também envolve descrição.

Narração na 1ª Pessoa
A narração na 1ª pessoa ocorre quando o fato é contado por um participante, isto é; alguém que se envolva nos acontecimentos ao mesmo tempo em que conta o caso.
A narração na 1ª pessoa torna o texto muito comunicativo porque o próprio narrador conta o fato e assim o texto ganha o tom de conversa amiga.
Além disso, esse tipo de narração é muito comum na conversa diária, quando o sujeito conta um fato do qual ele também é participante.

Narração na 3ª Pessoa
O narrador conta a ação do ponto de vista de quem vê o fato acontecer na sua frente. Entretanto o contador do caso não participa da ação. Observar: "Era uma vez um boiadeiro lá no sertão, que tinha cara de bobo e fumaças de esperto. Um dia veio a Curitiba gastar os cobres de uma boiada".
Você percebeu que os verbos estão na 3ª pessoa (era, veio) e que o narrador conta o caso sem dele participar. O narrador sabe de tudo o que acontece na estória e por isso recebe o nome de narrado onisciente. Observe: "No hotel pediu um quarto, onde se fechou para contar o dinheiro.Só encontrou aquela nota de cem reais. O resto era papel e jornal..."
Você percebeu que o boiadeiro está só, fechado no quarto. Mas o narrador é onisciente e conto o que a personagem está fazendo.